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Archive for Junho, 2009

Quem foi na sede da Academia Brasileira de Literatura de Cordel neste fim de semana pôde ouvir um pouquinho do talento de José João dos Santos, o famigerado Mestre Azulão.  O poeta-cantador paraibano mostrou um pouquinho do seu vasto repertório no Encontro com Mestres Populares e Rodas de Cantorias, conforme divulgado anteriormente aqui.

mestre azulão com sua cantoria

Azulão é poeta experiente. Morador do Rio de Janeiro há 58 anos, foi um dos principais fundadores da feira nordestina de São Cristóvão (RJ), como ele mesmo conta no seu livreto “A feira nordestina, foi assim que começou” (2007), editado pela Tupynanquim editora. É na própria feira que ele possui sua barraquinha de cordéis, onde os vende em grande quantidade. Do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas (como é nomeada a Feira de São Cristóvão) ele só reclama do barulho das barracas que o impede de recitar no seu local preferido, a praça Catulé da Rocha, bem no centro da feira. Além de ser um grande repentista, Seu Azulão já escreveu mais de 300 cordéis. Sabe de cor romances que ninguém mais sabe e é também mestre de reisado (Folia de Reis). Azulão é velhinho e pequenino, mas na hora de cantar sua voz ecoa por todo o salão. Êta velhinho danado!


Azulão recitando

Azulão recitando

 

Fragmentos de “A Feira Nordestina, foi assim que começou” do Mestre Azulão

Quem quiser saber da feira
Venha pra perto me ouvir
Que vou contar em detalhes
Sem aumentar nem mentir
Mas num falar positivo
Vou explicar o motivo
Da nossa feira existir
 
No ano quarenta e nove
Vim pro Rio a vez primeira
Fui visitar São Cristóvão
Então por esta maneira
Sem de nada conhecer
Depois eu pude entender
O começo desta feira
feira de sao-cristovao
Foi num dia de domingo
Eu vim com meu primo João
Pagar a passagem dele
Que veio sem um tostão
Nisso um motorista fala:
– Vá lá pegar sua mala
Que está no meu caminhão
 
Eram dez horas do dia
Eu vi um moreno forte
Cercado de nordestinos
Vindos no mesmo transporte
Com uma lona no chão
Vendendo fava e feijão
Gritava: – Chegou do norte!
 
Tinha até fumo de rolo
Rede, rapadura e queijo
Dizendo: – Aqui conterrâneo
Este é puro e sertanejo
Eu garanto a qualidade
Você come e tem saudade
Mata a fome e o desejo
 
Algum já lhe conhecia
Dizia: – Eu quero seu João,
Comprava e lhe perguntava:
– Tem chinelo e cinturão?
Seu João dizia: – Não tem
Mas esta semana vem
No primeiro caminhão
 
Eu observei um pouco
Aquele povo comprar
Uns chegando do nordeste
Outros que iam voltar
Tudo feliz e contente
Numa árvore bem em frente
a Senador Alencar
 
Uns criticavam dos outros
Com risada e brincadeira
João Gordo vendendo as coisas
Numa lona e uma esteira
Outro vendilho chegou
Foi assim que começou
O início desta feira (…)
 

por Vitor Rebello

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Taí um vídeo porreta! Tá é danado de bom!

Este aqui é uma amostra de um documentário sobre  cordel que está circulando pelo youtube. Segundo a autora da obra, Gisela Matta, o filme ainda está em fase de captação de recursos. Para aqueles apaixonados pela literatura de cordel como nós, vamos torcer para que se consiga finalizar este filme, pois o material é “bom que só”…

Já diz o narrador…

no tal documentario
tem cultura, desenho e xilografura
que encanta o mundo inteiro.
e o nordeste da gente, gente!
tudo isso está presente,
no documentário do foheteiro, viu?
“no tal documentário

tem cultura, desenho e xilografura

que encanta o mundo inteiro.

e o nordeste da gente, gente!

tudo isso está presente,

no documentário do folheteiro, viu?”

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Antes tarde do que nunca…

CEM Marli Capp

CEM Marli Capp

Demorou, mas chegaram. Algumas xilogravuras que foram feitas pelos alunos do CEM Marli Capp durante o UFRJMAR 2009 estão disponíveis na nossa página dedicada às ilustrações. É uma mais bonita que a outra. Uma belezura, minha gente! Os xilógrafos estão de parabéns.

A técnica é muito simples. Qualquer um pode fazer em casa. Não exatamente como nos cordéis, mas de um jeito muito parecido. Ao invés de talhar na madeira desenharemos no isopor. A isso damos o nome de litogravura, pois xilo quer dizer madeira.  Independentemente da maneira, o importante é realizar as xilogravuras.

Material necessário:

  • bandeja de isopor
  • espeto de churrasco
  • tinta guache
  • rolo de espuma para pintura
  • Folha de papel

Procedimento:

desenhe com o palito na bandeja de isopor
1 – Com o palito de churrasco desenhe na bandeja. Lembre-se: caso queira escrever algo, faça ao contrário, pois a imagem sairá invertida;

2 – Passe o rolo de espuma já com tinta na área desejada;

Passe o rolo de tinta na área desejada

3 – “Carimbe” o isopor na folha de papel de maneira que a tinta seja absorvida;

"carimbe" o molde no papel

4 – Monte sua própria galeria.

monte sua coleção

por Vitor Rebello

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Tem cordel na área!

Vem aí…

Encontro com poetas populares na ABLC

Encontro com poetas populares na ABLC

Para quem está interessado em saber mais sobre cordéis, este evento vai ser nota 10. Realizado pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel, sediada no bairro de Santa Teresa (Rio de Janeiro), o Encontro com Poetas Populares e Rodas de Cantoria promete ser bastante animado.

Encontro com poetas populares na ABLC

Encontro com poetas populares na ABLC

Serão 12 encontros com poetas e cantores ao longo dos próximos seis meses. Os primeiros a se apresentarem, ainda este mês, serão os poetas Gonçalo Ferreira e Mestre Azulão.

Imperdível, galera!

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