Feeds:
Artigos
Comentários

Archive for Dezembro, 2009

Mostrando mais um vez como os poetas populares estão sempre “antenados” com o que está se passando pelo mundo, temos aqui mais um cordel recém saído do forno cuja temática permanece bem viva. Apesar de já terminada, os irmãos Klevisson e Arievaldo Viana aproveitam o grande sucesso da última novela das 21h, Caminho das Índias. No cordel em questão  – Descaminho das Índias ou o indiano que casou com uma cachorra – nós observamos uma velha e boa tática editorial: a utilização de dois nomes para o mesmo cordel. Esta, sem dúvida, é uma maneira “auspiciosa” de se alavancar as vendas, visto que com títulos, a obra pode agradar a mais leitores. Segue algumas estrofes retiradas do próprio sítio da Tupynanquim editora:

DESCAMINHO DAS ÍNDIAS OU
O INDIANO QUE CASOU COM UMA CACHORRA

Autores: Antônio Klévisson e Arievaldo Viana

Oh! Deus, pai celestial
A nossa terra socorra,
Esse mundo está pior
Do que Sodoma e Gomorra,
No decorrer deste ano
Um magro e feio indiano
Casou-se com uma cachorra.

Eu quando li tal notícia
Não queria acreditar
Porém o caso é verídico
Eu sei até o lugar
Da minha mente não sai
Foi em Manamadurai
O noivo é Selva Kumar.

Li o caso nos jornais
Guardei até o recorte,
Kumar agiu desse modo
Pra se livrar da má sorte,
Resolveu casar-se ali
Com a cadela Selvi
Eis o nome da consorte.

Ou será falta de sorte
Daquele pobre animal?
Eu vi a foto dos dois
Estampada no jornal
Todos em tom de mangofa
Sorriam, faziam mofa,
Daquele jovem casal.

Para que o leitor entenda
Preciso fazer um prólogo,
Pois Selva Kumar seguiu
O conselho de um astrólogo
Para uma culpa expiar…
Mesmo não vai procriar
Garantiu-me um sexólogo.

Esse rapaz quando jovem
Um grande mal praticou
Dois cachorros inocentes
Numa praça apedrejou
Por causa desse pecado
Kumar ficou aleijado
E depois disso cegou.

Um astrólogo consultou
Dizendo então: – Me socorra!
Fiquei cego e aleijado,
Isso é que ser uma porra!
Disse o Astrólogo: – Kumar
Tu vais ter que se casar
Com uma bela cachorra!

– Para expiar teus pecados
Eu encontrei uma brecha,
Vai urgente para as ruas
Ligeiro como uma flecha
Uma cadela buscar
Para com ela casar
No templo do deus Ganesha.

Assim fez o indiano
Saiu logo em disparada
Encontrou uma cadela
Jovem, bonita e prendada
Que estava se coçando
Catando pulga e matando
No batente da calçada.

(…)

por Vitor Rebello

Read Full Post »

“Uma burca para Geisy”

Prova de que os artistas populares são sempre “rápidos no gatilho”, este poema em formato de cordel, escrito pelo autor nordestino Miguezim da Princesa, aborda de maneira bastante sarcástica o caso da estudante universitária expulsa de sua instituição por causar um tremendo “rebu”. O autor não poupa a paulistada e ainda menciona o controverso presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

UMA BURCA PARA GEISY

Quando Geisy apareceu
Balançando o mucumbu
Na Faculdade Uniban,
Foi o maior sururu:
Teve reza e ladainha;
Não sabia que uma calcinha
Causava tanto rebu.

Trajava um mini-vestido,
Arrochado e cor de rosa;
Perfumada de extrato,
Toda ancha e toda prosa,
Pensou que estava abafando
E ia ter rapaz gritando:
“Arrocha a tampa, gostosa!”

Mas Geisy se enganou,
O paulista é acanhado:
Quando vê lance de perna,
Fica logo indignado.
Os motivos eu não sei,
Mas pra passeata gay
Vai todo mundo animado!

Ainda na escadaria,
Só se ouvia a estudantada
Dando urros, dando gritos,
Colérica e indignada
Como quem vai para a luta,
Chamando-a de prostituta
E de mulherzinha safada.

Geisy ficou acuada,
Num canto, triste a chorar,
Procurou um agasalho
Para cobrir o lugar,
Quando um rapaz inocente
Disse: “oh troço mais indecente,
Acho que vou desmaiar!”

A Faculdade Uniban,
Que está em último lugar
Nas provas que o MEC faz,
Quis logo se destacar:
Decidiu no mesmo instante
Expulsar a estudante
Do seu quadro regular.

Totalmente escorraçada,
Sem ter mais onde estudar,
Geisy precisa de ajuda
Para a vida retomar,
Mas na novela das oito
É um tal de molhar biscoito
E ninguém pra reclamar.

O fato repercutiu
De Paris até Omã.
Soube que Ahmadinejad
Festejou lá no Irã,
Foi uma festa de arromba
Com direito a carro-bomba
Da milícia Talibã.

E o rico Osama Bin Laden,
Agradecendo a Alá,
Nas montanhas cazaquistãs
Onde foi se homiziar
Com uma cigana turca,
Mandou fazer uma burca
Para a brasileira usar.

Fica pra Geisy a lição
Desse poeta matuto:
Proteja seu bom guardado
Da cólera dos impolutos,
Guarde bem o tacacá
E só resolva mostrar
A quem gosta do produto

FIM

por Vitor Rebello

Read Full Post »