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Mostrando mais um vez como os poetas populares estão sempre “antenados” com o que está se passando pelo mundo, temos aqui mais um cordel recém saído do forno cuja temática permanece bem viva. Apesar de já terminada, os irmãos Klevisson e Arievaldo Viana aproveitam o grande sucesso da última novela das 21h, Caminho das Índias. No cordel em questão  – Descaminho das Índias ou o indiano que casou com uma cachorra – nós observamos uma velha e boa tática editorial: a utilização de dois nomes para o mesmo cordel. Esta, sem dúvida, é uma maneira “auspiciosa” de se alavancar as vendas, visto que com títulos, a obra pode agradar a mais leitores. Segue algumas estrofes retiradas do próprio sítio da Tupynanquim editora:

DESCAMINHO DAS ÍNDIAS OU
O INDIANO QUE CASOU COM UMA CACHORRA

Autores: Antônio Klévisson e Arievaldo Viana

Oh! Deus, pai celestial
A nossa terra socorra,
Esse mundo está pior
Do que Sodoma e Gomorra,
No decorrer deste ano
Um magro e feio indiano
Casou-se com uma cachorra.

Eu quando li tal notícia
Não queria acreditar
Porém o caso é verídico
Eu sei até o lugar
Da minha mente não sai
Foi em Manamadurai
O noivo é Selva Kumar.

Li o caso nos jornais
Guardei até o recorte,
Kumar agiu desse modo
Pra se livrar da má sorte,
Resolveu casar-se ali
Com a cadela Selvi
Eis o nome da consorte.

Ou será falta de sorte
Daquele pobre animal?
Eu vi a foto dos dois
Estampada no jornal
Todos em tom de mangofa
Sorriam, faziam mofa,
Daquele jovem casal.

Para que o leitor entenda
Preciso fazer um prólogo,
Pois Selva Kumar seguiu
O conselho de um astrólogo
Para uma culpa expiar…
Mesmo não vai procriar
Garantiu-me um sexólogo.

Esse rapaz quando jovem
Um grande mal praticou
Dois cachorros inocentes
Numa praça apedrejou
Por causa desse pecado
Kumar ficou aleijado
E depois disso cegou.

Um astrólogo consultou
Dizendo então: – Me socorra!
Fiquei cego e aleijado,
Isso é que ser uma porra!
Disse o Astrólogo: – Kumar
Tu vais ter que se casar
Com uma bela cachorra!

– Para expiar teus pecados
Eu encontrei uma brecha,
Vai urgente para as ruas
Ligeiro como uma flecha
Uma cadela buscar
Para com ela casar
No templo do deus Ganesha.

Assim fez o indiano
Saiu logo em disparada
Encontrou uma cadela
Jovem, bonita e prendada
Que estava se coçando
Catando pulga e matando
No batente da calçada.

(…)

por Vitor Rebello

“Uma burca para Geisy”

Prova de que os artistas populares são sempre “rápidos no gatilho”, este poema em formato de cordel, escrito pelo autor nordestino Miguezim da Princesa, aborda de maneira bastante sarcástica o caso da estudante universitária expulsa de sua instituição por causar um tremendo “rebu”. O autor não poupa a paulistada e ainda menciona o controverso presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

UMA BURCA PARA GEISY

Quando Geisy apareceu
Balançando o mucumbu
Na Faculdade Uniban,
Foi o maior sururu:
Teve reza e ladainha;
Não sabia que uma calcinha
Causava tanto rebu.

Trajava um mini-vestido,
Arrochado e cor de rosa;
Perfumada de extrato,
Toda ancha e toda prosa,
Pensou que estava abafando
E ia ter rapaz gritando:
“Arrocha a tampa, gostosa!”

Mas Geisy se enganou,
O paulista é acanhado:
Quando vê lance de perna,
Fica logo indignado.
Os motivos eu não sei,
Mas pra passeata gay
Vai todo mundo animado!

Ainda na escadaria,
Só se ouvia a estudantada
Dando urros, dando gritos,
Colérica e indignada
Como quem vai para a luta,
Chamando-a de prostituta
E de mulherzinha safada.

Geisy ficou acuada,
Num canto, triste a chorar,
Procurou um agasalho
Para cobrir o lugar,
Quando um rapaz inocente
Disse: “oh troço mais indecente,
Acho que vou desmaiar!”

A Faculdade Uniban,
Que está em último lugar
Nas provas que o MEC faz,
Quis logo se destacar:
Decidiu no mesmo instante
Expulsar a estudante
Do seu quadro regular.

Totalmente escorraçada,
Sem ter mais onde estudar,
Geisy precisa de ajuda
Para a vida retomar,
Mas na novela das oito
É um tal de molhar biscoito
E ninguém pra reclamar.

O fato repercutiu
De Paris até Omã.
Soube que Ahmadinejad
Festejou lá no Irã,
Foi uma festa de arromba
Com direito a carro-bomba
Da milícia Talibã.

E o rico Osama Bin Laden,
Agradecendo a Alá,
Nas montanhas cazaquistãs
Onde foi se homiziar
Com uma cigana turca,
Mandou fazer uma burca
Para a brasileira usar.

Fica pra Geisy a lição
Desse poeta matuto:
Proteja seu bom guardado
Da cólera dos impolutos,
Guarde bem o tacacá
E só resolva mostrar
A quem gosta do produto

FIM

por Vitor Rebello

6º Congresso de Extensão da UFRJ

6º Congresso de Extensão da UFRJ

No dia 7 de outubro de 2009 a equipe do LERCORDEL presta contas de nossos trabalhos no 6º Congresso de Extensão da UFRJ. Este importante evento tem como finalidade trazer ao conhecimento e à apreciação da comunidade acadêmica os resultados dos variados projetos de extensão da UFRJ. Como projeto integrante do GRIPE (Grupo Interdisciplinar de Práticas Educacionais), Ser-Tão: oficina de cordel acredita que deve mostrar à comunidade os  prósperos resultados obtidos através de nossas (re) intercriações artísticas junto ao público estudantil de diferentes idades. Com certeza, uma produção bastante bacana, pois, o que não falta aos alunos é criatividade e talento.

por Vitor Rebello

Também tem as fotos

Já se encontram no álbum de fotos do GRIPE as  fotos da oficina durante o Seminário ocorrido na UNIRIO. É só clicar nas fotos à direita do blog para vê-las. Eis algumas para ilustrar esta postagem:

Heleine recitando "As proezas de João Grilo"

Heleine recitando "As proezas de João Grilo"

com a mão na massa.

com a mão na massa.

V Seminário de Educação Diferenciada e Etnoconhecimento

meninas e cordéis.

(Xilo)Gravuras e textos da UNIRIO

Chegou a hora de publicar os trabalhos realizados pelos participantes da oficina durante o V Seminário de Educação Diferenciada e Etnoconhecimento, realizado na primeira semana de setembro.

sertão07Esta oficina foi bastante fecunda. Além de bonitas gravuras foram criados textos muito bacanas. Alguns deles estão aqui neste blog. Para ver mais, basta acessar as páginas gravuras e textos, nas abas no topo da página. Muito bom, pessoal. Parabéns!

sertão04

por Vitor Rebello

O Cordel na UNIRIO.

Neste dia 1º de setembro a Oficina Literária Ser-Tão: oficina de cordel marcou presença no V Seminário de Educação Diferenciada e Etnoconhecimento na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Foi a primeira vez que nossa oficina se apresentou em evento não vinculado à UFRJ. A apresentação contou com pessoas de diferentes escolas: Colégio Estadual Ignácio Azevedo Amaral (Jardim Botânico); Colégio Estadual Rosa Luxemburgo (Quintino); Instituto de Educação Carmela Dutra (Madureira); Colégio Estadual Edmundo Silva (Araruama-RJ); além de algumas pessoas que estavam participando individualmente do Seminário.

os participantes que estiveram na UNIRIO

os participantes que estiveram na UNIRIO

Em busca de novas práticas docentes positivas, os participantes (professores, alunos e normalistas) puderam constatar que a literatura de cordel possui um repertório vastíssimo – tanto imagética quanto literariamente falando – e que pode ser muito bem utilizada dentro de sala aula, para suscitar inúmeras discussões referentes ao currículo escolar. Foi justamente sob este enfoque que os oficineiros se preocuparam: mostrar as possibilidades e potencialidades do trabalho com os cordéis nas escolas.

por Vitor Rebello

Em Julho, uma amiga cearense chamada Carolina Hilst trouxe para mim o cordel recém lançado sobre o Michael Jackson (valeu Carol!). Achando que tinha em mão um “furo de reportagem” pensava que o primeiro endereço na internet a publicar alguma matéria sobre esta obra ia ser o LERCORDEL. Porém, o tempo passou rápido demais e logo escreveram na nossa frente. É como conta a sabedoria popular, transmitida pela oralidade: “bobeou, dançou”, “camarão que dorme a onda leva” ou “quem dorme no ponto é chofer”. Portanto, para não deixar de mencionar que a morte do Michael Jackson já virou cordel, segue um artigo de Iuri Rubim (publicado no seu próprio blog) sobre o cordel do astro pop.

por  Vitor Rebello

A tradição da literatura de cordel é particularmente sensível aos momentos de comoção. Quando algum acontecimento, nacional ou internacional, mobiliza as massas, certamente um cordelista estará traduzindo em versos o ocorrido.

– O cordel tem também uma função jornalística. Há muito tempo, é um meio que o povo do sertão usa para se interar dos grandes acontecimentos. Foi assim com Lampião, Getúlio Vargas, Tancredo Neves e até com Leandro, cantor daquela dupla sertaneja – conta o cordelista alagoano João Gomes de Sá.

Pois foi o próprio João Gomes de Sá que, ao lado do companheiro Klévisson Viana, escreveu sobre a morte de Michael Jackson, um dos acontecimentos mais acompanhados, discutidos e lamentados da história recente.

Juntos, publicaram A Chegada de Michael Jackson no Portão Celestial. Apenas no primeiro dia após o seu lançamento, a obra teve 2500 folhetos vendidos nos pontos de ônibus de Fortaleza – local comum de venda de cordéis na capital cearense.

Eu sonhei que o rei do pop,
Logo após bater as botas,
Foi direto para o céu,
Fazendo muitas marmotas,
Cantando muito agitado
Feliz, tinha se livrado
De dívida, banco e agiotas.

– O que eu fiz foi uma releitura desse grande fato mundial. Apenas reproduzi algumas manifestações do sentimento do povo. Com alguns gracejos da minha parte – brinca o João Gomes de Sá.

Por “gracejos”, o poeta se refere a críticas – algumas sutis, outras nem tanto – a vários setores da sociedade brasileira. Uma delas é a existência de uma burocracia no Céu, que impediria a “admissão” rápida do cantor.

– É o que a gente vê hoje no país. No Brasil, a gente morre é na fila. Em todo canto tem essa burocracia. Daí fiz uma brincadeira com ele do tipo: “Como você já morreu mesmo, né, cara, não tem problema esperar mais um pouquinho” – explica.

As críticas também não deixam a crise do senado passar em branco. Pedindo atendimento privilegiado, Jackson pergunta a São Pedro se não haveria nenhum ato secreto em seu benefício.

Mas São Pedro eu sou um astro
Famoso no mundo inteiro!
Não tem um ato secreto
Para me atender primeiro?
– Aqui é outro processo
Não é aquele Congresso
Lá do povo brasileiro!

Para a surpresa deste Blog, o autor do cordel conta que não era fã de Michael Jackson.

– As minhas filhas chegaram a chorar com a morte dele. Mas eu nunca tive nenhuma relação com ele, apesar de reconhecer que era um grande astro e admirar algumas coisas que fez, com a canção “We Are The World”. Quando fiz o cordel, fui solidário com as pessoas que sofriam por ele – explica.

João Gomes de Sá não era fã de Michale Jackson, mas suas filhas sim

João Gomes de Sá não era fã de Michale Jackson, mas suas filhas sim

O poeta chegou a ser bastante criticado pela publicação do cordel. Outros poetas populares reclamaram da atenção dada a um astro internacional, quando ídolos como Luiz Gonzaga não tiveram o mesmo tratamento.

– Talvez seja mesmo um pouco de xenofobia. Mas o que eu não agüento é ouvir isso de poetas que sabem que a literatura de cordel trabalha com grandes acontecimentos – reage.

Eu queria dançar mais
Sabe o senhor, não empaco,
Gostava de requebrar,
Pois eu sou bom nesse taco
Dançando eu faço munganga,
Às vezes visto uma tanga
Para prender o meu saco!


Sincronia

A parceria de João Gomes de Sá e Klévisson Viana não foi programada nem combinada. Foi mais um daqueles acasos que só acontecem poucas vezes na vida.

Inspirado pelos noticiários e pela charge de um amigo, Gomes de Sá começou a fazer um cordel. Quando já tinha produzido boa parte da obra, ligou para Viana e descobriu que o colega poeta estava fazendo a mesmíssima coisa. Resolveram então publicar um cordel só, tamanha a sincronia.

As estrofes destacadas acima pertencem ao cordel “A Chegada de Michael Jackson no Portão Celestial”.


Ainda a FLIP

Pois é, pessoal. A partir de hoje o LERCORDEL tem uma página especial para publicarmos os textos desenvolvidos pelos alunos que passarem pela oficina. Nós inauguramos a sessão Textos dos alunos com as criações paratienses. Unidas, a produção pictórica e literária, encontra-se a disposição o resultado final da obra:  gravuras (a página encontra-se atualizada) que ilustram ou motivam cada poema/prosa. Vejam que beleza de criação a Luiza Ribeiro inventou:

"O atabaque encantado" de Luiza Ribeiro

"O atabaque encantado" de Luiza Ribeiro

A galerinha mandou muito bem: leram, escreveram, pintaram e bordaram. Principalmente no grande mural – criação coletiva de alunos, monitores e até pessoas que estavam em outras oficinas, mas que não resistiram em colaborar na pintura.

Turma da bagunça na FLIP

Turma da bagunça na FLIP

A página das (xilo) gravuras tem também outras produções visuais e textuais, inspiradas em poetas de popularidade diversificada.

FLIPZONA

Poesia de Manoel de Barros

É só conferir.

por Vitor Rebello

O CORDEL na FLIP 2009

FLIPZONAA Oficina de Leitura de Cordel marcou presença dos dias 1° a 5 de Julho na 7º edição da FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty – integrando a programação especial da FLIPZONA,  destinada ao público adolescente. Alunos da rede escolar de Paraty, durante os cinco dias do evento, tiveram contato com diversos textos da literatura de cordel, da versão carimbada nos “livrinhos” até o enredo falado – pendurado no ar por gestos, entonações e olho a olho com o leitor. Estavam ainda à disposição livros recentemente editados,  alguns desta nova leva que se inspira na tradição cordelística.

Unido ao trabalho com o texto literário, a molecada pode experimentar técnicas de ilustração como a xilogravura (durante muito tempo utilizada pelos cordelistas), o stencil e a pintura à mão livre. Dada liberdade de criação aos participantes, era proposta a produção de textos escritos articulada a imagens, aproximando o fazer verbal do não-verbal. Uma vez realizados, estes trabalhos recebiam um formato final de livro, posteriormente integrante de uma coletânea a ser distribuída aos pequenos escritores pela Casa Azul. Poemas, prosas narrativas, pinturas figurativas e abstratas culminaram na construção coletiva de um mural.

A oficina foi realizada em grande parte no CEMBRA, mas também no espaço aberto da praça da Matriz, colorida por árvores cabeludas de livros, bosque fértil para maravilhosos personagens de papel machê … dentre eles, Manuel Bandeira em cima de um trem cor-de-rosa,  zona de trânsito entre o real e o imaginário… Envolvidos os circundantes em uma vibração propícia à paixão pelos livros,  a Oficina de Leitura de Cordel teve grande satisfação em participar dos festejos literários, ansiando já a próxima dose no ano que vem!

Texto: Heleine Fernandes

Montagem: Vitor Rebello

Taí Mestre Azulão!

Quem foi na sede da Academia Brasileira de Literatura de Cordel neste fim de semana pôde ouvir um pouquinho do talento de José João dos Santos, o famigerado Mestre Azulão.  O poeta-cantador paraibano mostrou um pouquinho do seu vasto repertório no Encontro com Mestres Populares e Rodas de Cantorias, conforme divulgado anteriormente aqui.

mestre azulão com sua cantoria

Azulão é poeta experiente. Morador do Rio de Janeiro há 58 anos, foi um dos principais fundadores da feira nordestina de São Cristóvão (RJ), como ele mesmo conta no seu livreto “A feira nordestina, foi assim que começou” (2007), editado pela Tupynanquim editora. É na própria feira que ele possui sua barraquinha de cordéis, onde os vende em grande quantidade. Do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas (como é nomeada a Feira de São Cristóvão) ele só reclama do barulho das barracas que o impede de recitar no seu local preferido, a praça Catulé da Rocha, bem no centro da feira. Além de ser um grande repentista, Seu Azulão já escreveu mais de 300 cordéis. Sabe de cor romances que ninguém mais sabe e é também mestre de reisado (Folia de Reis). Azulão é velhinho e pequenino, mas na hora de cantar sua voz ecoa por todo o salão. Êta velhinho danado!


Azulão recitando

Azulão recitando

 

Fragmentos de “A Feira Nordestina, foi assim que começou” do Mestre Azulão

Quem quiser saber da feira
Venha pra perto me ouvir
Que vou contar em detalhes
Sem aumentar nem mentir
Mas num falar positivo
Vou explicar o motivo
Da nossa feira existir
 
No ano quarenta e nove
Vim pro Rio a vez primeira
Fui visitar São Cristóvão
Então por esta maneira
Sem de nada conhecer
Depois eu pude entender
O começo desta feira
feira de sao-cristovao
Foi num dia de domingo
Eu vim com meu primo João
Pagar a passagem dele
Que veio sem um tostão
Nisso um motorista fala:
– Vá lá pegar sua mala
Que está no meu caminhão
 
Eram dez horas do dia
Eu vi um moreno forte
Cercado de nordestinos
Vindos no mesmo transporte
Com uma lona no chão
Vendendo fava e feijão
Gritava: – Chegou do norte!
 
Tinha até fumo de rolo
Rede, rapadura e queijo
Dizendo: – Aqui conterrâneo
Este é puro e sertanejo
Eu garanto a qualidade
Você come e tem saudade
Mata a fome e o desejo
 
Algum já lhe conhecia
Dizia: – Eu quero seu João,
Comprava e lhe perguntava:
– Tem chinelo e cinturão?
Seu João dizia: – Não tem
Mas esta semana vem
No primeiro caminhão
 
Eu observei um pouco
Aquele povo comprar
Uns chegando do nordeste
Outros que iam voltar
Tudo feliz e contente
Numa árvore bem em frente
a Senador Alencar
 
Uns criticavam dos outros
Com risada e brincadeira
João Gordo vendendo as coisas
Numa lona e uma esteira
Outro vendilho chegou
Foi assim que começou
O início desta feira (…)
 

por Vitor Rebello